O preço do barril de petróleo já subiu mais de 10% neste ano e a tendência é de novas valorizações no curto prazo, dada a proximidade do inverno no Hemisfério Norte. E as empresas que mais devem se beneficiar desse movimento são aquelas com caixa confortável o suficiente para se manterem como boas pagadoras de dividendos.
O petróleo do tipo WTI está cotado a US$ 90,77, o maior patamar em dez meses. A commodity acumula uma alta de 12,8% no ano até o dia 15 de setembro. Considerando os ganhos desde 2022, a valorização chega a 20,7%.
Essa valorização está ligada aos cortes de produção por parte da Arábia Saudita e Rússia, que devem se estender até o final do ano, segundo a IEA (sigla em inglês para Agência Internacional de Energia). A limitação teve início ainda no ano passado, mas foi parcialmente suprida por outros produtores, como Brasil e Estados Unidos. No entanto, na avaliação da agência, no quarto trimestre haverá um déficit de oferta, mantendo os preços em alta.
Já para o início de 2024, a IEA até espera um aumento da oferta, mas em uma situação de reservas mais baixas, o que deve continuar a pressionar os preços.
“As reservas petrolíferas estarão em níveis desconfortavelmente baixos, aumentando o risco de outro aumento da volatilidade que não seria do interesse nem dos produtores nem dos consumidores, dado o frágil ambiente econômico”, de acordo com relatório da agência divulgado nessa semana.
Petroleiras com Caixa em alta
Gabriel Bassotto, analista-chefe das ações da Simpla Club, explica que a Arábia Saudita e Rússia têm mantido os cortes como uma forma de compensar a menor demanda em um momento de transição energética. Dessa forma, o preço do barril deve terminar o ano acima de US$ 90.
“Essa dinâmica deve permanecer por não haver uma oferta extra para entrar. Nos últimos anos, não foram feitos muitos investimentos no setor”, conta.
Preços mais altos do petróleo e estabilidade nos custos de extração, lembrando que o cenário não é de novos investimentos, faz com que sobre mais caixa para as empresas distribuíram.
Além das grandes do setor, como a Exxon Mobil e Chevron, empresas fora do radar dos investidores brasileiros também aparecem como boas pagadoras de dividendos e perspectiva de valorização das ações.
A Conoco Philips (COP) possui um payout (parcela do lucro destinada ao pagamento de proventos) de 20,7%. Ainda maior tem a Pioneer (PXD), com 32%, e a Devon (DVN), com 30,9%. Todas estão listadas na Nyse.
“Com o petróleo nesse valor, muitas empresas vão se beneficiar. O custo de extração é baixo e elas possuem gordura para queimar. Com maior capacidade de geração de caixa, parte irá se converter em dividendos. Essas três empresas têm uma filosofia de aumento constante da distribuição de dividendos”, diz.
Saiba mais:
Essas empresas também pagam dividendos em um formato diferente das demais do setor, o que favorece o investidor que gosta de dividendos. No geral, as petrolíferas e empresas de gás pagam dividendos trimestrais. A Devon, faz um pagamento fixo trimestral e depois paga um complemento, que pode chegar a 50% do fluxo de caixa livre – e a expectativa de caixa livre que sobe com o aumento da cotação do petróleo.
“Embora 2023 tenha sido comparativamente um ano suave para os investidores de rendimento na Devon Energy até agora, é seguro esperar dividendos maiores das ações nos próximos trimestres se os preços do petróleo continuarem a subir”, de acordo com relatório da assessoria financeira The Motley Fool.
Já para a Conoco Phillips é esperada uma elevação dos dividendos após a empresa ter feito aquisições recentes, que irão contribuir para o aumento do caixa. A projeção já era de aumento dos pagamentos, mas com o barril cotado a US$ 60.
“A empresa provavelmente aumentará seu dividendo básico neste outono (no Hemisfério Norte) e poderá fazer pagamentos mais elevados no próximo ano. Esses pagamentos proporcionarão um sólido retorno de rendimento aos acionistas”, dizem os analistas da Motley Fool.
Já no caso da Pioneer, os dividendos são atrelados ao desempenho financeiro, o que faz com que o preço do petróleo tem um efeito direto sobre essa distribuição no futuro – quando os resultados irão refletir a atual alta.
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