Pular para o conteúdo principal

Boa Safra diversifica negócios, mas sem tirar o foco da soja

A Boa Safra, uma das maiores empresas de sementes do país, decidiu renovar sua aposta no mercado de feijão. É mais um passo de uma estratégia de diversificação que já a levou a investir no milho e a avaliar outras culturas, como sorgo e trigo. Mas isso não significa ajustes de rota. O foco continua a ser a soja e, para crescer nesse segmento, no qual já é líder, a companhia anunciou na semana passada que fechou acordo para adquirir  45% da DaSoja Sementes, fundada em 2013 em Tocantins.

“Ainda temos um caminho bom para continuar crescendo na soja”, disse ao IM Business Marino Colpo, cofundador e CEO da Boa Safra, cuja sede é em Formosinha,no Estado de Goiás.  Embora lidere as vendas de sementes de soja no Brasil, ele calcula que a participação de mercado da empresa tenha sido de cerca de 8% em 2022, um indicador de que a pulverização ainda é grande nessa frente. Ao mesmo tempo, o Brasil encabeça a colheita e as exportações globais de soja e a área plantada com o grão tem crescido de forma contínua, sem sinais de que o avanço vá arrefecer.

Marino Colpo, CEO da Boa Safra (Do Zero ao Topo/InfoMoney)

A soja representa mais de 90% das vendas da companhia e no período de 12 meses encerrado em junho sua receita líquida cresceu 53%, para R$ 1,8 bilhão. Na mesma comparação, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado subiu 58%, para R$ 189 milhões, e o lucro líquido foi 61% superior ao registrado no ano-móvel anterior, chegando a R$ 190 milhões.

Outro indicador que mostra que o mercado de sementes de soja continua aquecido para a Boa Safra é carteira de pedidos. Ela atingiu R$ 1,1 bilhão no fim do segundo trimestre de 2023, ante R$ 832 milhões um ano antes. No primeiro semestre, a empresa inaugurou um centro de distribuição em Balsas, no Maranhão, e ampliou outros CDs e unidades de beneficiamento.

Nos Estados Unidos, que em produção e exportações de soja só perdem para o Brasil, a líder no mercado de sementes da oleaginosa, a marca Pioneer, tem participação de 35%, o que também anima a Boa Safra a não perder o foco. “Mas, ao mesmo tempo, nossa marca se tornou mais conhecida após o IPO [abril de 2021] e passamos a ser mais consultados pelos agricultores sobre outras sementes”, disse o executivo. Ele fundou a companhia em parceria com a irmã Camila, presidente do conselho de administração.

Essas consultas eram sobretudo sobre sementes adaptadas aos cultivos de segunda safra, como milho, sorgo e feijão. Veio, então, a primeira grande tacada da diversificação:i a aquisição de dois terços do capital da Bestway Seeds do Brasil, sediada em Uberlândia e especializada em milho, um mercado menos pulverizado que o de sementes de soja. A transação saiu por R$ 35 milhões e neste ano a Boa Safra finalizou as obras da segunda unidade de beneficiamento da controlada, também na cidade mineira.

“Após uma supersafra como a que tivemos este ano, podemos até ter uma crise pontual nesta safra 2023/24 por causa de queda de preços. Mas o futuro do milho no país é tão bom ou melhor que o da soja. A genética dos híbridos de milho tem melhorado, há mais produtos adaptados à safrinha e a produtividade das lavouras tem aumentado. Vamos aproveitar marca, canais de acesso, equipe de vendas, CDs e logística para otimizar nossa atuação nesse mercado”, afirmou Colpo.

O mesmo raciocínio vale para o feijão, com o relançamento da linha. E para apostas paralelas, como forrageiras, e futuras, como o trigo. A Boa Safra enxerga boas possibilidades de crescimento da produção de trigo no Brasil, que é um grande importador do cereal, e não quer ficar de fora dessa onda. “Já vemos empresas de genética ‘tropicalizando’ o trigo, como aconteceu com milho e soja”, disse o CEO.

Com isso, observou Colpo, a participação da soja nas vendas da Boa Safra deverá diminuir um pouco nos próximos anos, mas a queda não será expressiva. A empresa continuará avançando nesse mercado com crescimento orgânico e, eventualmente, aquisições. Fechado por R$ 450 mil, o acordo com a DaSoja, que também fornece sementes de milho e sorgo, fortalece a presença da Boa Safra na região do Matopiba.

IM Business
Newsletter
Quer ficar por dentro das principais notícias que movimentam o mundo dos negócios? Inscreva-se e receba os alertas do novo InfoMoney Business por e-mail.

The post Boa Safra diversifica negócios, mas sem tirar o foco da soja appeared first on InfoMoney.



source https://www.infomoney.com.br/business/boa-safra-diversifica-negocios-mas-sem-tirar-o-foco-da-soja/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

De Pequim a Lisboa: quais são as 10 melhores cidades para combinar trabalho e lazer 

O trabalho híbrido e remoto, que ganhou força durante a pandemia, tornou-se um arranjo permanente para muitas empresas, permitindo um equilíbrio maior entre trabalho e lazer. Nesse sentido, o International Workplace Group (IWG) elaborou um ranking com as dez melhores cidades do mundo para trabalho e lazer (ou férias). Em 2024, a primeira posição da lista é ocupada pela capital húngara, Budapeste, seguida por Barcelona (Espanha) e Rio de Janeiro (Brasil). Uma mudança quase completa em relação aos locais escolhidos no ano anterior, que foram Barcelona, Dubai (EAU) e Praga (República Tcheca). Leia também: Morar fora em 2024: veja países baratos, como investir e mais para fazer real durar no exterior O resultado deste ano, divulgado pelo portal CNBC na última quarta-feira (21), corresponde a uma pesquisa com 1.000 profissionais que trabalham de forma híbrida ou remota pelo mundo. Segundo a IWG, o levantamento considera a pontuação de dez categorias: acomodação, alimentação, clima, c...

Nunes, Datena e Boulos têm empate triplo em SP, mas prefeito leva melhor no 2º turno

A 68 dias das eleições municipais , o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) , o apresentador de televisão José Luiz Datena (PSDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) estão tecnicamente empatados na disputa pela prefeitura de São Paulo, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira (30). Baixe uma planilha gratuita para calcular seus investimentos em renda fixa e fuja dos ativos que rendem menos O levantamento, realizado entre os dias 25 e 28 de julho, mostra que, em cenário estimulado (ou seja, quando são apresentados nomes de candidatos aos entrevistados) de primeiro turno, Nunes (MDB), que tenta a reeleição, mantém a liderança numérica na corrida, com 20% das intenções de voto − 2 pontos percentuais a menos do que na pesquisa anterior, divulgada em junho. Logo atrás, Datena e Boulos , com 19% cada. Em um mês, o primeiro variou positivamente 2 p.p., ao passo que o segundo escorregou na mesma proporção. Como a margem máxima de erro é de 3,1 pontos percentuai...

Quanto rendem R$ 100 mil no CDB? Veja simulação para diferentes prazos e tipos

A taxa básica de juros do Brasil, a Selic, foi elevada para 10,75% ao ano em setembro e, diante do cenário macroeconômico local, a expectativa do mercado é que o Banco Central faça novos ajustes para cima ainda em 2024, o que pode beneficiar os CDBs, muito procurados por pessoas físicas. O InfoMoney simulou quanto R$ 100 mil investidos nesses títulos de renda fixa renderiam em um, dois e três anos. Foram considerados tanto os CDBs atrelados à inflação como os pós (indexados ao CDI) e os prefixados. Quanto rendem R$ 100 mil em CDB de inflação Os CDBs de inflação devolvem ao investidor o montante aplicado corrigido pela média da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período, mais uma taxa prefixada. No caso desse tipo de aplicação, R$ 100 mil alocados nesta segunda-feira (14) gerariam um rendimento líquido de  R$ 8.762,47  a  R$ 28.483,34  entre um e três anos, já descontado o imposto de renda (IR), que varia entre 22,5% e 15%, con...