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Cachaça “medalhista” da Weber Haus vai representar Brasil nas Olimpíadas de Paris

Um dos símbolos culturais brasileiros, a cachaça vem sendo mais apreciada no mercado internacional. Nesse contexto, a Weber Haus, destilaria da bebida mais premiada, que já exporta para 32 países e tem planos ousados de expansão, terá uma grande vitrine. A empresa vai preparar degustações e drinks, incluindo a famosa caipirinha, na Casa Brasil das Olimpíadas de Paris. É um espaço organizado pelo Comitê Olímpico do Brasil, no Parc de la Villette, na zona norte da capital francesa, para celebrar o esporte e divulgar a cultura brasileira. No pavilhão de 5 mil metros quadrados, haverá eventos e simuladores esportivos, exposições, shows e transmissões ao vivo das equipes do Brasil.

Evandro Weber, sócio e diretor da Weber Haus. Crédito: Divulgação

Erguida sobre as bases do empreendedorismo de imigrantes alemães em Ivoti, no Rio Grande do Sul, a Weber Haus coleciona 180 prêmios por suas cachaças. A marca está investindo cerca de R$ 40 milhões em uma nova fábrica, com previsão de início de operação entre o final de 2026 e começo de 2027.

Esta matéria faz parte da série “Premiados no Exterior”, que reúne produtores brasileiros reconhecidos em premiações de projeção internacional. Confira matérias já publicadas:

História bicentenária

Originária de Hunsrück na Alemanha, a família Weber chegou ao Brasil em 25 de julho de 1824. Por isso, a Weber Haus lançou recentemente uma cachaça especial de 200 anos da imigração alemã e aniversário da família no país.

Segundo Evandro Weber, diretor da Weber Haus, a família já tinha a tradição de destilar schnapps, bebida típica alemã, utilizando batata. “Vieram muito pobres, mas conseguiram comprar um lote de terra, onde abriram a mata e construíram uma casa”, diz.

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Em 1848, começou a destilação da cana de açúcar e, ao longo de 100 anos, as gerações da família viviam de uma pequena lavoura e usavam a cachaça como moeda de troca por ferramentas e alimentos. Depois, em 1948, foi aberto um CNPJ para começar o engarrafamento e comercialização. “Por muito tempo, meu avô usou uma carroça para levar a cachaça aos estabelecimentos”, conta.

Pulando para os anos 2000, a marca era Caninha Primavera, mas não pôde ser mais usada. “Descobri que essa marca já estava registrada no interior de São Paulo, então, do dia para noite foi preciso mudar, daí surgiu a Weber Haus”, destaca o diretor. Nessa época, com 20 anos de idade, ele não tinha certeza se daria continuidade à empresa do pai, pois era uma rotina sofrida. “Além de fazer cachaça, tinha que plantar aipim, milho e criar gado, porco e galinha, porque o negócio não se sustentava”, comenta.

Destilaria Weber Haus em Ivoti, no Rio Grande do Sul. Crédito: Divulgação

Mas ele acabou encarando as dificuldades e, junto com a marca, desenvolveu novo posicionamento. Assim, a Weber Haus foi a primeira cachaçaria no país a ter certificação de rastreabilidade – desde o preparo do solo até o produto na garrafa –, uma inovação do Sebrae e Inmetro. Depois, em 2005, obteve uma certificação do processo orgânico, por não usar agentes químicos na lavoura de cana de açúcar.

A partir de 2007, a Weber Haus partiu para o mercado internacional e passou a conquistar premiações relevantes.

No total, são 180 prêmios. Ganhou 20 medalhas de ouro no Concurso Mundial de Bruxelas. Também foi reconhecida duas vezes com o prêmio “Best in Show – White’” da The San Francisco World Spirits Competition, com sua cachaça branca, eleita a melhor bebida na categoria de destilados brancos.

Diversificação, novos mercados e investimentos

A Weber Haus, no Simples até 2018, teve que sair desse regime tributário por ter dado um salto. Apesar de ter sentido o impacto da pandemia, não deixou de avançar em vendas. O faturamento cresceu apenas 5% em 2020. Depois, houve recuperação com alta de 15% tanto em 2021 quanto em 2022. Em 2023, o faturamento subiu 13%.

A cachaça é o carro-chefe, mas a empresa vem diversificando seu portfólio, que já conta com rum, gin, licor, vodka e bebidas mistas. “Estamos trabalhando nosso marketing como destilaria. Pretendemos explorar outros nichos como vodkas saborizadas”, afirma Evandro Weber.

Em Ivoti, na Serra Gaúcha, além de 98 hectares para canavial – considerando uma área adicionada este ano com foco em expansão –, possui uma fábrica de 3,5 mil metros quadrados. Em 2023, foram produzidos 558 mil litros de bebidas, o que dá em torno de milhão de garrafas.

Cachaça premium da Weber Haus, envelhecida 21 anos. Crédito: Divulgação

O local funciona como ponto turístico, com visitas guiadas na destilaria e uma loja. No ano passado, foram 80 mil visitantes, que adquiriram bebidas e foram responsáveis por 20% do faturamento.

No mercado interno, a destilaria fornece bebidas para empórios premium, restaurantes, churrascarias, bares e, recentemente, está entrando em supermercados.  Já as exportações representaram 28,5% do total faturado em 2023. No exterior, a empresa atua em 32 países, sendo os principais compradores Estados Unidos, China, França e Inglaterra.  

Com investimentos de aproximadamente R$ 40 milhões, a Weber Haus erguerá uma nova fábrica, que deve entrar em operação entre o final de 2026 e começo de 2027. Parte significativa dos recursos será de uma linha de financiamento de 10 anos.

A nova unidade, que será construída ao lado da atual, terá  7,8 mil metros quadrados e será capaz de produzir 10 vezes mais do que o patamar atual. “Será uma fábrica totalmente inovadora e ecológica, com ciclo fechado de água, energia elétrica por painéis solares e alambiques e engarrafamento automatizados”, ressalta o diretor da Weber Haus.

De acordo com Evandro Weber, alguns equipamentos já foram adquiridos e o processo de terraplanagem teve que ser interrompido temporariamente pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul, porém, tende a ser retomado em breve.  

Ele destaca que empresa não sofreu com enchentes. Porém, no auge da tragédia no estado, houve intercorrências. A empresa não conseguiu ter acesso por cinco dias ao sistema da Sefaz para emissão de notas fiscais e, ao longo de 28 dias, as transportadoras não conseguiam chegar devido aos bloqueios em estradas.

Saborosas e com toque de arte

A Weber Haus tem várias linhas de cachaças clássicas e premium. Os preços de fábrica variam de R$ 35 a R$ 13 mil a unidade, de acordo com os processos, período de envelhecimento e estilo das garrafas, sendo que algumas chegam ter detalhes em ouro e diamante. Quanto maior o nível de elaboração, maiores os valores.

Para se ter uma ideia dos produtos diferenciados, a nova Cachaça Comemorativa 200 Anos da Imigração, que celebra o bicentenário dos imigrantes alemães no Brasil, é envelhecida por 5 anos em barris de amburana e carvalho europeu, que traz aromas e sabores de frutas, mel e amêndoas.

Já a Cachaça Extra Premium 12 anos, envelhecida por seis anos em barricas de carvalho francês e mais seis anos em barricas de bálsamo, tem aromas de madeira, caramelo e especiarias.

Uma edição super premium é a Cachaça 21 anos, que como o próprio nome diz, é envelhecida por 21 Anos – começando em barris de carvalho e terminando em bálsamo. Ela tem uma garrafa com design diferenciado, levando um diamante de 3,65 quilates no topo dela. Essa cachaça tem nuances de flores, damasco, laranja, menta, baunilha, amêndoas e chocolate.

Mas há as mais “jovens”. É o caso da Cachaça em Balsamo, envelhecida por um ano, com sabores herbáceos e o frescor de erva doce, que já foi premiada com a medalha Gran Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas.

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