Na primeira metade dos anos 2000, o setor imobiliário americano vivia um boom até atingir seu recorde: em janeiro de 2006, mais de 2,27 milhões de casas foram construídas – um número que não se via desde a década de 1970, Housing Starts, que conta os números de novas casas nos EUA. Para a Guararapes Painéis, empresa catarinense que produzia e exportava compensado de madeira para a construção dessas residências americanas, o momento não poderia ser melhor.
“Naquela época, nossa receita era, basicamente, de exportação”, diz Ricardo Pedroso, CEO da Guararapes Painéis, em entrevista ao podcast Do Zero ao Topo. Aí veio a crise: o crédito secou, o Housing Starts derreteu para derreteu para 478 mil casas em abril de 2009 — o menor nível na história — e o dólar chegou a ser negociado a R$ 1,57.
“Pegamos uma combinação muito ruim de fatores: a demanda muito baixa com a taxa de câmbio abaixo de R$ 2, quando estávamos acostumados a trabalhar na faixa de R$ 4”, relembra. Com um pouco de dinheiro em caixa, a solução para dar a volta por cima foi diversificar o negócio. “Tomamos a decisão investir na linha de MDF para reduzir nossa dependência da exportação e focar no mercado doméstico”, diz.
O que começou como uma saída para não quebrar, acabou virando o principal negócio da companhia. Em maio do ano passado, a empresa inaugurou a maior planta de MDF das Américas, depois de um investimento de quase R$ 1 bilhão. Agora, cerca de 60% da receita vem do mercado doméstico e 40% da exportação.
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O começo da história
Com a expectativa de faturar R$ 1,7 bilhão em 2024, a Guararapes Painéis possui mais de 2.000 funcionários e realiza 2.000 cargas por mês. Mas seus primeiros anos, em Quilombo, Santa Catarina, foram bem mais modestos: os funcionários eram 15 e a quantidade de cargas por mês era quatro.
“Meu pai trabalhava com corte de madeira – uma atividade que era bem tradicional na região”, diz Pedroso. Na década de 1970, João Carlos comprou um caminhão e conheceu o Valderez, de quem virou sócio e com quem abriu a Guararapes Painéis. “O trabalho era muito artesanal braçal mesmo. Eu era pequeno ainda mas me lembro. Com o passar do tempo o negócio foi evoluindo. O grande salto foi trabalhar com pinus, que é madeira reflorestada: nos fez ganhar escala e sustentabilidade”.
Pouco tempo depois do negócio começar, Valderez sofreu um acidente e faleceu. “Foi muito trágico. A empresa ainda estava começando e eles dividiam tudo. Mas meu pai sempre foi muito equilibrado e focado e conseguiu cuidar da empresa e das famílias – a nossa e a do sócio. Não somos parentes de sangue, mas temos um vínculo muito forte”, diz Pedroso. Hoje, parte das famílias trabalha na empresa junto com outros executivos de mercado.
Recentemente, os sócios formalizaram um acordo de acionistas das famílias para estabelecer regras para sucessão e entrada de herdeiros nos negócios. “Não temos espaço para todos e nem todo mundo terá vocação ou intenção de trabalhar lá, então preferimos deixar tudo mais organizado. Porque muitas empresas podem passar por um processo difícil com a chegada da segunda e terceira geração”, diz.
Para saber mais detalhes da história da empresa e conhecer sua estratégia para o futuro, veja o episódio completo publicado na última sexta-feira (12) no Do Zero ao Topo. O programa está disponível em vídeo no YouTube e em sua versão de podcast nas principais plataformas de streaming como ApplePodcasts, Spotify, Deezer, Spreaker, Google Podcast, Castbox e Amazon Music.
Sobre o Do Zero ao Topo
O podcast Do Zero ao Topo é uma produção do InfoMoney e traz, a cada sexta-feira, a história de mulheres e homens de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio.
O programa já recebeu nomes como José Roberto Nogueira, fundador da Brisanet; Fernando Simões, do Grupo Simpar; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; Rodrigo Galindo, chairman da Cogna; Mariane Morelli, cofundadora do Grupo Supley; Luiz Dumoncel, CEO e fundador da 3tentos; Antonio Carlos Nasraui, CEO do Rei do Mate; Stelleo Tolda, um dos fundadores do Mercado Livre; o empresário Abílio Diniz; Paulo Nassar, fundador e CEO da Cobasi; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; e contou dezenas de histórias de sucesso. Confira a lista completa de episódios do podcast neste link.
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