
A reunião de Primavera do FMI (Fundo Monetário Internacional) começa nesta semana sob clima de tensão frente às tarifas impostas pelo governo Donald Trump aos parceiros comerciais dos EUA. A expectativa é sobre como os representantes dos EUA vão agir, qual será o tom das declarações dos demais países atingidos pelo tarifaço e por possíveis diálogos laterais para tentar repensar os negócios entre países a partir da taxação americana.
O encontro começa nesta segunda-feira (21) e segue até sábado (26), em Washington. Participam representantes de diversos países, parlamentares, economistas, pesquisadores e sociedade civil.
Segundo Maria Antonieta Del Tedesco Lins, professora de Economia Internacional do Instituto de Relações internacionais da USP, embora a agenda de palestras e painéis do encontro já esteja bem definida, essa é uma grande oportunidade para os países debaterem a situação econômica global que se instaurou após Trump tarifar países em percentuais que foram considerados aleatórios.
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No caso do comércio com a China, a tarifa total chega a 245%. Trump anunciou uma pausa de 90 dias na aplicação das tarifas específicas, e taxou os demais parceiros em 10% durante esse período.
A medida impactou o comércio internacional e as projeções do FMI já falam em desaceleração econômica global. No discurso de abertura do evento, na última quinta-feira (17), a chefe do FMI, Kristalina Georgieva, afirmou que as projeções de crescimento para os países são baixas, mas descartou o risco de recessão.
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A desaceleração da economia é uma das preocupações do FMI que tem, entre suas funções, a de evitar crises financeiras e socorrer países em dificuldade econômica, como fez recentemente com a Argentina. Por isso, uma quebradeira generalizada com um possível entrave no comércio internacional poderia colocar a instituição em xeque por não ter recursos suficientes para atender a todos os países afetados.
O que esperar da reunião do FMI
Durante o encontro anual, o FMI apresentará a revisão das expectativas e previsões de crescimento econômico global e para países específicos. Essas projeções são relevantes para os mercados, especialmente na comparação com as estimativas dos governos.
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Haverá também reuniões específicas sobre energia, endividamento de países, ações contra mudanças climáticas e a mobilização de capital público e privado para a infraestrutura do G7, entre outros temas.
O encontro não deverá resultar em novas alianças, explica Lins, mas ele é “extremamente importante para que essas conversas aconteçam e, eventualmente, reflitam em novos acordos. Mas essa costura é a longo prazo, não é um resultado rápido”, afirma.
“É um espaço privilegiado para a interlocução entre países para além dos EUA, um espaço para que os diferentes governos se posicionam contra a política do Trump, falando para uma audiência global”, diz.
Segundo Lins, o FMI pode pressionar contra as políticas tarifárias, mas tudo dependerá do clima interno, já que os EUA são os principais financiadores do fundo.
“É uma reunião em que todos os participantes vão ficar na defensiva”, afirma Odilon Guedes, presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo). Para ele, os participantes até poderão fazer críticas à política tarifária, mas com a ressalva de que ninguém vai querer se expor.
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