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Gestão patrimonial de atletas atrai XP, Galapagos e escritórios independentes

Grandes nomes da Faria Lima estão de olho na crescente demanda de atletas — em especial do futebol — por serviços de gestão patrimonial. Players como XP e Galapagos fizeram movimentos recentes no segmento e já se aproximam dos R$ 3 bilhões sob gestão, enquanto family offices independentes têm fortunas nas casas de centenas de milhões em custódia.

Jogadores e seus empresários buscam no mercado um amplo espectro de serviços além da própria gestão financeira. Na maioria dos casos, os family offices oferecem consultoria jurídica, contábil e até mesmo um “concierge financeiro” para administrar pagamentos de funcionários e despesas.

“O braço de esportes vem dessa necessidade de abraçar mais, ser mais conselheiro e prestar apoio a esse perfil”, conta a CEO da Galaticos Capital, Viviane Leal. Foi a executiva quem cuidou por décadas da carreira do astro Ronaldo Fenômeno, com quem fundou a R9 Gestão Patrimonial e Financeira, um multi family office (MFO) que se fundiu com a Galapagos Capital em 2024. Na Galaticos, são R$ 1,5 bilhão sob gestão e uma expectativa de alcançar R$ 5 bilhões em dois anos.

Pelo acordo, o family office segue no controle do pentacampeão mundial e usufrui da estrutura da Galapagos para manter escritórios na Europa e nos Estados Unidos, bem como os times dedicados da própria gestora. “Tudo o que nós precisamos temos aqui dentro e temos conseguido um cross selling muito grande nas áreas, o que beneficia o nosso cliente”, diz Leal.

“Essas atividades de esporte, de entretenimento, de artistas, de influências, de gamers, estão sendo cada vez mais profissionalizadas ao longo dos últimos anos”, afirma o head de Wealth Planning da XP, Renato Folino. Em março deste ano, a XP Investimentos anunciou a XPlay, um serviço de gestão destinado a atletas, artistas e influenciadores. O family office já atende seis jogadores e tem aproximadamente R$ 1,6 bilhão sob gestão.

“A ideia da XPlay surgiu porque percebemos que esse era um mercado em franco crescimento no Brasil”, conta Folino. A iniciativa é transversal nas unidades de negócio da empresa e, fora do MFO, também pode ser adequada a patrimônios menores desde o varejo.

Pela avaliação de gestores, os serviços de family office ganharam espaço na agenda de jogadores em meio e fim de carreira — normalmente na altura dos 30 a 40 anos — preocupados com a manutenção da renda após pendurarem as chuteiras. Um estudo da National Bureau of Economic Research mostra que aproximadamente 16% dos atletas profissionais enfrentam dificuldades financeiras dois anos após a aposentadoria, e cerca de 78% quando passados três anos.

“Hoje o atleta chega para nós com patrimônio já meio formado e precisando que alguém cuide disso, precisa de alguém especialista. Ele chega já no final da carreira ou aposentado”, conta o diretor da Somma MFO, um multi family office dedicado a jogadores, Rodrigo Scussiato.

Segundo Scussiato, a casa com R$ 500 milhões sob gestão costuma trabalhar com atletas cujo patrimônio é próximo a R$ 30 milhões. Não há regra quanto ao patrimônio mínimo para que uma gestora opere como MFO — na XP, por exemplo, a liquidez para acessar os serviços de family office é de R$ 100 milhões.

Um dos pilares da “gestão 360º” proposta pelos MFOs de atletas é a administração de pagamentos e despesas fixas. “A parte do concierge, do fluxo de caixa, do pagamento de contas, as questões de funcionários e imóveis. Ajudamos a administrar todo o cash flow da família. Nesse nicho, isso talvez seja mais importante do que entre outros clientes que atendemos aqui. Muitas vezes, há até 20 pessoas da família que dependem daquela pessoa”, conta Folino.

Os próprios empresários de atletas em muitos casos são responsáveis por procurar as gestoras. A ideia é que eles possam se ater às suas atribuições principais, evitar conflitos de interesse e buscar um parceiro que expanda as possibilidades de serviços aos seus clientes.

Serviços jurídicos e contábeis

Além do concierge, serviços jurídicos, contábeis e administrativos estão na carteira das gestoras: atletas que fazem carreira fora do Brasil podem precisar de complexas estruturas societárias para evitar altas tributações, por exemplo, enquanto seu patrimônio pode estar em instituições financeiras ao redor do mundo.

“Hoje nós estamos com pouco mais de 35 atletas em mais de 15 países. Na Europa, na Ásia, nos Emirados Árabes, no Brasil obviamente”, conta o head de Wealth e CSO da Onfield Investimentos, um MFO que nasceu especializado em atletas e expandiu para atuação em fortunas em geral, Bruno Venditti. A empresa tem R$ 600 milhões sob gestão e começou com o atendimento de atletas expatriados — os de futebol são a maioria, mas há jogadores, inclusive, de modalidades como handebol e vôlei.

Preferência por imóveis e desafio de diversificação

Na gestão financeira dos ativos, um desafio é adequar bons investimentos às preferências do atleta e conseguir algum nível de diversidade na carteira. “O atleta é arrojado para ganhar e conservador para perder”, fala Venditti.

Imóveis compõem entre 70% e 80% do patrimônio dos clientes entre algumas das casas consultadas. “Isso é muito ruim para gerar liquidez no período que o jogador precisa”, diz Viviane Leal, da Galaticos Capital. “Temos conversado sobre esses percentuais e conseguimos falar cada vez mais sobre os produtos, falar sobre renda fixa, economia”, diz. As decisões de investimento sempre são dos atletas e as gestoras não mantém os valores custodiados em produtos oferecidos apenas pelas suas casas.

XP e Galapagos são alguns dos exemplos do olho cada vez mais atento da Faria Lima à indústria do futebol. Suas estruturas de M&A e crédito, por exemplo, podem ser acessadas por atletas que busquem ativos de equity e dívida.

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